segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A quem Jesus pagou o nosso preço?


Tenho visto nos arraiais midiáticos histórias cheias de romantismo e humanismo acerca do preço que Jesus pagou na cruz. Umas contam que Cristo viu a humanidade presa às garras de Satanás e se ofereceu para pagar ao inimigo o preço de nossa prisão. Outras afirmam que Deus nos amou mais do que a seu próprio filho e o entregou ao inimigo para pagar o preço de nossa redenção.

O grande problema está em não conseguir entender ou conceber a ideia de que Deus é criador de todas as coisas, inclusive do próprio mal (Is 45:7). Mais do que isso, a grande dificuldade é ver que a própria Bíblia mostra que quem amaldiçoa a humanidade, e de quebra o Diabo, é o próprio Deus (Gn 3:14-19). Logo, nunca o preço a ser pago seria ao Diabo. Não foi ele que nos condenou ao inferno, foi Deus através de sua ira contra o pecado (Jo 3:36; Rm 3:23; 6:23). 

Há três palavras bíblicas que esclarecem isso com muita propriedade, mas que infelizmente nem mesmo pastores e seminaristas às vezes conseguem entender. São elas: redenção, expiação e propiciação. Em Romanos 3:24 vemos que a redenção, junto com a graça, nos livra do resultado que o pecado gerou sobre nossas vidas, mas o contexto de Romanos deixa claro que nós somos condenados pela lei do próprio Deus. Em Colossenses 1:14, observa-se a magistral ideia de que Jesus nos remiu os pecados, e esses que nos separam de Deus como Isaias 59:2 deixa muito claro. Quando a Bíblia afirma que Deus não nos destinou para a ira (I Ts 5:9), refere-se a ira do próprio Deus. Ou seja, o castigo final daqueles que não aceitam a Jesus, mas quem proporcionou este castigo não foi o Diabo, afinal, ele será um dos castigados naquele dia, mas foi o próprio Deus (Gn 3:14-19).

A outra palavra esclarecedora é expiação. Em Levítico 16 vemos a ideia de dois bodes, ambos apontando para o sacrifício de Cristo. Nesta passagem o que fica claro que o pagamento da dívida é feita a Deus. É exatamente isso que Isaias 53 mostra com muita clareza. A expiação é o pagamento pelo pecado. Mas o pagamento é feito a quem? Logicamente a quem determinou a prisão, ou seja, Deus. Se mantermos em mente o texto de Gênesis 3 veremos que tudo recai sobre Deus. Foi Ele que nos condenou, logo, é a Ele que deve ser pago nosso preço. 

O que as pessoas não conseguem entender que Ele nos condena e nos oferece a Salvação pela graça dEle mesmo. Isto fica tremendamente explicito na história de Abraão e Isaque (Gn 22), quando aquele levando este para sacrifício ouve a seguinte pergunta: “Pai, onde está o cordeiro?”. Abraão, com o coração apertado e dolorido, responde: “Deus proverá para si o cordeiro”. Preste atenção, Deus proveu Jesus, o cordeiro que tira o pecado do mundo, para si, não para o Diabo ou para outra coisa. A cédula riscada em Colossenses 2:14, compreende o pagamento pelo pecado (v. 13). Os principados e potestades serão derrotados pela obra da cruz (v. 15). Não estão sendo pagos, estão sendo despojados. Eles representam o oportunismo do Diabo diante de nossas fraquezas. Mas serão derrotados.

A última palavra é propiciação. Desde a antiguidade esta expressão refere-se ao aplacar da ira de uma divindade. Esta palavra também aparece em Romanos 3, junto com redenção. A ideia de propiciação fica clara na cruz. Quando Jesus clama que foi abandonado pelo Pai, ele está se referindo a dor de receber toda ira de Deus sobre si. Toda ira do Senhor que deveria vir sobre mim ou você, foi derramada na cruz em Cristo. Jesus aplacou a ira de Deus e colocou à disposição da humanidade um novo e vivo caminho para que essa possa alcançar a redenção através da graça (I Jo 2:2).

Veja bem, em nenhum lugar da Bíblia encontra-se a ideia de que Deus ou Cristo tenham quitado uma dívida ao Diabo. Esta heresia é perigosa e nos faz conceber a ideia de um Deus pequeno demais. Deve-se aceitar a Cristo pelo que Ele fez, não por temor ao Diabo. Este irá padecer no inferno como qualquer um que não aceita a obra redentora, expiatória ou propiciatória de Cristo.

A Deus toda glória!

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