quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

[Artigo] Paul Washer – Evangelho, loucura para a Igreja Pós-Moderna




Não me envergonho do Evangelho



Quando lemos Rm 1:16, entendemos que Paulo não estava envergonhado do evangelho. Isso pode parecer algo incomum para nós, que ele tenha feito essa declaração, sendo um apóstolo, o principal portador do evangelho de Jesus Cristo.

Mas quero enfatizar que, na carne, Paulo teria muitas razões para estar envergonhado do evangelho, porque o evangelho que ele pregava contradizia tudo que se cria ser verdade e tudo que se acreditava ser sagrado em sua cultura.

Agora, prestem atenção nisso: Paulo não tinha nenhum intento de ser relevante à sua cultura. Ele não tinha nenhuma intenção de fazer um acordo com ela, adaptar sua mensagem a ela, por um embrulho em sua mensagem ou qualquer outro tipo de absurdo que se tem tornado tão proeminente na comunidade evangélica de hoje.

Para o Judeu, o evangelho de Paulo era o pior tipo de blasfêmia, porque declarava que o Nazareno que morreu nesta cruz amaldiçoada, era o Messias – o Filho de Deus.

Para o Grego, era o pior tipo de absurdo, porque declarava que este Judeu de um lugar distante era, na verdade, Deus em carne.

Por isso, Paulo sabia que, quando abrisse sua boca para proclamar o evangelho, ele seria completamente rejeitado e ridicularizado com desprezo, a menos que o Espírito Santo interviesse e movesse sobre os corações e mentes dos que escutavam. Isso é o que ele sabia. Isso é o que você deve saber. Se você está pregando o evangelho de maneira correta, ele será um escândalo. Se você tentar diminuir o escândalo, não estará mais pregando o evangelho.

Plínio, o jovem, escreveu: “Depois de examinar duas meninas escravas cristãs sob tortura, eu descobri nada mais do que uma superstição perversa e extravagante”.

No diálogo “Octávius”, por Minúncius Felix, ele fala sobre o cristão: “Suas cerimônias se concentram em um homem executado por seu crime, sob a fatal madeira da cruz.”.

E diz ainda: “Os cristãos apresentam delírios doentes, uma superstição louca e sem sentido, que leva a destruição de toda religião verdadeira”.

Sei que posso ofender alguns com o que irei escrever adiante, mas a verdade é que a maioria das estratégias modernas, para o “crescimento da Igreja”, usadas pelas Igrejas Evangélicas se focam principalmente nisso que acabo de citar acima.

No Oráculo de Apolo, preservados nos escritos de Agostinho, em resposta a pergunta de um homem sobre o que podia fazer para livrar a sua esposa da Fé Cristã, ele disse: “Deixe que ela continue, como queira , persistindo em seus delírios vãos. Lamentando com cânticos a um Deus que morreu em delírios e foi condenado por Juízes, cujo veredito foi justo, além de ser executado no princípio de sua vida com a pior das mortes, uma morte atada com ferro”.

Lucian(praticamente o Voltaire da antiguidade) zomba dos cristãos em sua obra “De Morte Peregrine”. Descrevendo-os como: “Pobres diabos, que negam os deuses gregos, além disso, honram a esse sofista crucificado e vivem de acordo com sua lei”.

Na obra original, “Contra Celsius”, Celsius declara: “Que mulher velha e bêbada, contando histórias para um menino dormir não se envergonharia de resmungar coisas tão absurdas?”

Atualmente, o evangelho não é menos ofensivo, pois continua contradizendo a cada residente ou “ismo” presente em nossa cultura.

Relativismo, Pluralismo e Humanismo

Primeiro, vivemos numa época de Relativismo. Um sistema de crença que se baseia na certeza absoluta de que não existem certezas absolutas.

Hipocritamente aplaudimos aos homens por buscarem a verdade, mas logo pedimos a execução pública de qualquer um que admite tê-la encontrado.

Vivemos numa época de obscurantismo auto-imposto. Porque? As razões para isso são claras! O homem natural é uma criatura caída, moralmente corrupta e está empenhado em ter autonomia, isto é, governar-se a si mesmo. Ele odeia Deus, pois é justo; e odeias as leis de Deus, pois elas o censuram e restringem sua maldade. Ele odeia a verdade, pois expõe quem ele é e aflige o que lhe restou da consciência.

Portanto o homem caído busca empurrar a verdade, especialmente a verdade sobre Deus, o mais longe possível dele, afim de eliminá-la.

Ele irá a qualquer extremo para suprimir a verdade, até mesmo ao ponto de intentar que a verdade é algo que não existe, ou, se na verdade existe, não pode ser conhecida ou não possui relevância alguma em nossas vidas.

Perceba isso com respeito ao Evangelho. Nunca é o caso de um Deus escondido, mas sim do homem que se esconde. O problema nunca foi o intelecto, mas a vontade. Eu não creio que a Bíblia dê algum espaço para o ateísmo. São mentirosos os que aborrecem a Deus e empurram a verdade para fora de suas mentes, pois não existe tal coisa como ATEU. Pois, apesar de tudo, eles sabem.

Como um homem que esconde sua própria cabeça na areia para evitar um rinoceronte, o homem moderno nega a verdade do Deus justo e de moral absoluta. Com a esperança de silenciar a sua consciência e tirar de sua mente o Juízo que sabe que deve vir.

Agora, o evangelho cristão é um escândalo para o homem envolvido com o relativismo, e para sua cultura, pois ele faz exatamente o que o homem mais deseja evitar. Desperta-o do adormecimento auto-imposto para a realidade de sua natureza caída e rebelde, e o chama a rejeitar a auto-suficiência e o auto-governo e se submeter a Deus através do arrependimento e fé em Jesus Cristo.

Segundo, vivemos também numa época de Pluralismo. Um sistema de crença que põe fim à verdade ao declarar que tudo é verdade.

Vocês entendem o que estou dizendo? Quando tudo é verdade; quando declarações contraditórias que são diametralmente opostas são etiquetadas como verdades, o resultado é a morte da VERDADE.

Prestem atenção, o que vou dizer agora pode ser difícil de entender para os cristãos contemporâneos, mas os cristãos que viveram nos primeiros séculos da fé cristã foram marcados e perseguidos como ATEUS. E você também o será, se um avivamento não ocorrer nesse país. Esta será uma das razões pelas quais você irá para prisão.

Seguindo, a cultura que rodeava o Cristianismo estava mergulhada em Teísmo. O mundo estava cheio de imagens de deidades e a religião era um negócio crescente. Os homens não só toleravam as deidades dos outros, mas também as trocavam e as compartilhavam como se fossem cartões de beisebol.

O mundo religioso inteiro estava funcionando muito bem até que os cristãos apareceram e declararam que os deuses feitos por mãos humanas não eram deuses de verdade. Eles se negavam a dar aos Cesares as honras que lhes eram exigidas. Recusavam-se a dobrar os joelhos diante dos outros supostos deuses e confessavam apenas a Jesus como Senhor de tudo. Por isso, foram rotulados como ATEUS.

O mundo inteiro via essa “arrogância assombrosa” e reagia com fúria contra os cristãos por sua intolerância contra a tolerância.

Vejam essas palavras: “Arrogância Assombrosa”! Esse mesmo cenário abunda em nosso Mundo atualmente.

Contra toda lógica, é-nos dito que todos os pontos de vista com respeito a religião e a moralidade são Verdadeiros sem importar quão radicalmente diferentes sejam ou quão contraditórios possam ser. O aspecto mais esmagador de tudo isso é que através de esforços incansáveis do mundo acadêmico e dos meios de comunicação isto se tem convertido na opinião da maioria.

De qualquer maneira, o Pluralismo não aponta a cura da Maldade. Somente anestesia o paciente para que não possa sentir ou pensar!

Já o Evangelho é um escândalo porque desperta o homem de sua sonolência e se nega a deixá-lo repousar sobre um fundamento tão ilógico. Obriga-o a chegar a uma conclusão. “Quanto tempo mais você irá hesitar entre duas opiniões? Se Deus é o Senhor, siga-o; se é Baal, siga-o.”

O verdadeiro Evangelho é radicalmente exclusivo.

Eu nunca pensei que teria que dizer isso a evangélicos. Nunca pensei que viria o dia em que teria que falar a evangélicos que o Evangelho é radicalmente exclusivo. Nunca pensei que iríamos perder a Cristo como único caminho.

O verdadeiro Evangelho é radicalmente exclusivo. Jesus não é UM caminho, mas sim O caminho. E todos os demais caminhos não são caminhos de forma alguma.

Agora prestem atenção, pois isso é o que está acontecendo hoje em dia.

Se o Cristianismo simplesmente se mover um pequeno passo rumo a um ecumenismo mais tolerante e alterar o artigo definido “O” em “O Salvador” pelo artigo indefinido “um” em “um salvador” o escândalo será removido, o mundo e o cristianismo se tornariam amigos.

Você percebe isso? Se simplesmente dissermos que Jeová é “um” Deus, já não teríamos mais perseguição sobre nós. Se simplesmente dissermos que Jesus é “um” salvador, convidar-me-iam para o programa da Oprah Winfrey.

Vocês percebem isso? Todo o escândalo seria removido. “Se somente dissermos que Ele é o nosso salvador. Vocês têm o de vocês, e nós temos o nosso! Não vamos impor nada a vocês! Não vamos discutir nem dialogar nada. Se esse é o seu caminho, siga-o; pois eu vou seguir o meu!” Se somente dissermos isso, nunca seríamos perseguidos.

Mas se fizermos isso, o cristianismo deixa de ser cristianismo, nós deixamos de ser cristãos, Cristo é negado e o Mundo fica sem um Salvador!

Terceiro, vivemos numa época de Humanismo. Durante as últimas décadas, o homem tem lutado para tirar Deus de sua consciência e de sua cultura. Tem derrubado cada um dos altares visíveis do único e verdadeiro Deus para construir monumentos dedicados a si mesmo com o zelo de um fanático religioso.

Isso não é secularismo contra o pensamento religioso. Não pense assim! Porque o “secularista” tem uma religião. E, algumas vezes, ele é muito mais fanático em sua religião do que qualquer cristão pudera ser.

O homem tem conseguido fazer de si mesmo o padrão central e o fim de todas as coisas. Ele louva o seu próprio valor inerente, exige homenagens a sua auto-estima e promove o cumprimento de suas ambições e auto-realizações como a coisa mais importante a se alcançar.

E se você não crê que isso se tem alastrado dentro do cristianismo. Então você não leu o livro: “Tua Melhor Vida Agora” de Joel Osteen. Porque é exatamente disso que se trata.

Ele tenta colocar o remorso de sua consciência,(não se pode remover, está aí para ficar). Ele tenta explicar o remorso de sua consciência, como o remanescente de uma religião antiquada de culpa: o Cristianismo.

Ele livra a si mesmo de qualquer responsabilidade do caos moral que o rodeia culpando a sociedade, ou, pelo menos, a parte da sociedade que não tem alcançado a sua “iluminação”.

Qualquer sugestão, de que a sua consciência pode estar correta em seu testemunho contra ele mesmo, ou de que ele seria responsável pelas quase infinitas variedade de maldade no mundo, é IMPENSÁVEL!

Por esta razão o Evangelho é um escândalo para o homem caído, porque expõe suas ilusões sobre si mesmo, convence-o de sua queda e de sua culpa (esse é o principal e primeiro trabalho do evangelho).

Esta é a razão pela qual o mundo detesta tanto a pregação do Evangelho, porque o verdadeiro Evangelho arruína a festa do homem, faz cair chuva sobre a sua celebração, expõe suas falsas crenças, e faz ver que o “Imperador está nu”!

As Escrituras reconhecem que o Evangelho de Jesus Cristo é pedra de tropeço e uma loucura para todo o homem em todo o tempo.

Não se trata apenas de ser escândalo! Supõe-se que ele DEVE ser um escândalo!

Quem foi o pregador de avivamento do passado que disse: “Como é possível que o mundo não tenha ido bem com o homem mais santo que andou sobre a terra, mas pode viver bem conosco”? Supõe-se que DEVERÍAMOS ser um escândalo!

Prestem atenção, não devemos viver como um bando de fanáticos. Não temos que fazer um monte de loucuras para sermos escândalo. Basta sermos fiéis a esta única proclamação: Jesus é o Senhor de tudo!

Buscar remover o escândalo dessa mensagem é anular a cruz de Cristo e seu poder salvador. Devemos compreender que o Evangelho não é apenas escandaloso, mas se supõe que deva ser assim.

Através da loucura do Evangelho, Deus decretou destruir a sabedoria dos sábios, frustrar a inteligência dos mais brilhantes, e humilhar o orgulho de todos os homens, com o fim de que nenhuma carne se glorie em Sua presença, assim como está escrito:

“Mas o que se gloria, glorie-se no Senhor” II Co 10:17

O Evangelho de Paulo não só contradisse a filosofia religiosa e a cultura de seus dias, como também os declarava guerra. (Não uma guerra política, em militar, mas sim uma guerra espiritual pela verdade).

Recusava a trégua ou fazer tratados com o mundo. E não se conformava com nada menos do que a rendição absoluta ao Senhorio de Jesus Cristo, até que cada um de nossos pensamentos fosse levado cativo a Cristo.

Faríamos bem em seguir o exemplo de Paulo. Devemos ser cuidadosos e rejeitar qualquer tentação em conformar o nosso Evangelho a moda de nossos dias, ou ao desejo de homens carnais.

OBS: Uma coisa sobre missões. Existe todo tipo de missões nesse mundo. Não necessitamos de mais missões. A maioria delas nem são missões bíblicas. Você que é um novo missionário, as missões devem ser definidas pelo exegeta e pelo teólogo. Pelo estudioso das Escrituras, não pelo Antropólogo ou Sociólogo, nem pelos novos especialistas em novas tendências culturais.

Fazemos evangelismo de acordo com os escritos sagrados das Escrituras e não precisamos da ajuda de Wall Street para isso.

Não temos nenhum direito de diminuir a afronta do Evangelho, ou civilizar as suas exigências radicais, com o objetivo de fazê-lo mais atrativo a um mundo caído ou aos membros carnais da Igreja.

Nossas Igrejas estão cheias de estratégias para fazê-las mais “amigáveis”, ao re-encapar o Evangelho, ao remover a pedra de tropeço, e ao remover o fio da navalha para que seja mais aceitável para os homens carnais.

Devemos ser “amigáveis”, mas devemos nos dar conta que somente existe um que busca e este é Deus! Se não estamos nos esforçando para fazer uma mensagem para nossa Igreja e a mensagem está “agradável”, então façamos “agradável” a Ele!

Se não estamos nos esforçando para fazer de nossa Igreja nosso ministério, então façamos com a paixão de glorificar a Deus. E com o desejo de não ofender a sua Majestade.

Lancemos ao vento o que o mundo pensa de nós. Não estamos aqui para buscar as honras dos homens, mas sim as honras dos céus.

Conclusão

Nossa mensagem não somente é um escândalo, como é inacreditável. Quero que tomem consciência disso. É uma mensagem inacreditável!

Como disse anteriormente, na carne, Paulo teria todas as razões para sentir-se envergonhado do Evangelho que pregava. Se tivesse, entretanto, outro motivo para ter vergonha carnal, o Evangelho é realmente uma mensagem inacreditável. Um aviso absurdo para os sábios deste mundo.

Como Cristãos, muitas vezes falhamos em dar conta do quão assombroso é quando alguém crê em nossa mensagem. Num sentido, o Evangelho chega tão longe que sua propagação no Império Romano é prova de sua natureza sobrenatural, pois ser capaz de atrair um gentil completamente ignorante sobre o Antigo Testamento, arraigado na filosofia grega ou em superstições pagãs, que passa a acreditar em uma mensagem sobre um homem chamado Jesus.

Este nasceu em circunstâncias questionáveis, numa família pobre, numa das regiões mais depreciadas do Império Romano e, apesar disso, o Evangelho declara que Ele era o eterno Filho de Deus, concebido pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem.

Foi carpinteiro de profissão, um mestre religioso itinerante sem instrução formal e, apesar disso, o Evangelho afirma que Ele é superior a sabedoria comum do filósofo grego e dos sábios romanos da antiguidade.

Foi pobre e não tinha onde reclinar a cabeça, e, apesar disso, o Evangelho declara que por 3 anos alimentou milhares pela palavra, curou todo tipo de enfermidade entre os homens e até ressuscitou os mortos.

Foi crucificado fora de Jerusalém, como um blasfemador e inimigo do Estado, e, apesar disso, o Evangelho declara que sua morte foi o evento fundamental em toda história da humanidade, e o único meio para a salvação do pecado e a reconciliação com Deus.

Foi colocado numa tumba emprestada e, apesar disso, o Evangelho declara que ao terceiro dia ressuscitou dentre os mortos, apareceu a muitos de seus seguidores, em 40 dias ascendeu aos Céus e se sentou à direta do Altíssimo Majestoso.

Portanto, o Evangelho afirma que um carpinteiro judeu e pobre, que foi taxado como lunático e considerado um blasfemador por seu próprio povo, crucificado pelo Estado, é agora o Salvador do mundo, o Senhor dos senhores, o Rei dos reis e em Seu nome, todo joelho se dobrará, incluindo os Césares.

Você tem alguma idéia de como era impossível para qualquer um, nos tempos de Paulo, crer nesta mensagem? Isso era impossível!!! Quem poderia ter crido em tal mensagem senão pelo poder de Deus? Não existe outra explicação!

O Evangelho não poderia ser levado para fora de Jerusalém, muito menos ao Império Romano, e a toda nação deste mundo a menos que Deus tenha estabelecido que isso acontecesse.

A mensagem teria morrido desde o momento de sua concepção, se tivesse dependido de habilidades organizacionais, eloqüência, ou poderes apologéticos de seus pregadores. Todas as estratégias missionárias do mundo e todas as artimanhas astutas do mercado de Wall Street nunca poderiam fazer o Evangelho avançar. O tropeço e a loucura do Evangelho.

Martin Hengel escreve sobre o escândalo antigo da cruz: “Crer que o único Filho pré-existente do Deus único e verdadeiro, mediador da criação e redentor do mundo, tenha aparecido em tempos recentes num lugar afastado da Galiléia, como um membro da obscura nação dos Judeus, e pior, tenha morrido a morte de um criminoso comum em uma cruz, somente pode ser considerado como um sinal de demência total…”

Portanto esta verdade trás encorajamento e alerta para os que pregam o evangelho.

Primeiro, é um incentivo saber que uma proclamação simples e fiel do Evangelho vai assegurar o seu avanço contínuo no mundo.

Segundo, é uma advertência para que nós não sucumbamos à mentira de que podemos fazer avançar o Evangelho através do brilho, eloqüência ou habilidosas estratégias de crescimento de Igrejas.

Tais coisas não possuem poder para concretizar a conversão impossível dos homens. Devemos mergulhar com desespero esperançoso sobre os únicos meios bíblicos para apresentar o Evangelho. A proclamação ousada e clara de uma mensagem que só não temos vergonha, mas que cremos e nos gloriamos, pois é o poder de Deus para a salvação de qualquer um que crer.

Por fim, vivemos numa época incrédula e cética. Nossa fé é ridicularizada, como um mito sem esperança. E somos vistos como fanáticos de mente fechada, ou vítimas, de mente fraca, de um engano religioso.

Tal ataque frequentemente nos coloca na defensiva e tentamos contra-atacar e provar nossa posição e relevância com apologética. Não sou contra a apologética, pois algumas formas dessa disciplina são úteis e necessárias, mas devemos nos dar conta que o poder, entretanto, está na proclamação do Evangelho.

Não podemos convencer o homem a crer, assim como não podemos levantar os mortos. Tais coisas são obras do Espírito de Deus. Os homens são atraídos a fé somente através da obra sobrenatural de Deus. E Ele tem prometido trabalhar, não através da sabedoria humana, ou por habilidades intelectuais, mas através da pregação de Cristo crucificado e ressuscitado dentre os mortos.

Devemos enfrentar o fato de que nosso Evangelho é uma mensagem que não se crê. Não devemos esperar que alguém nos preste atenção, muito menos que creia, sem a obra graciosa e poderosa do Espírito Santo de Deus.

Quão sem esperança é a nossa pregação quando separada do poder de Deus! Quão dependentes de Deus são todas as nossas pregações! Todo nosso evangelismo é nada mais que uma incumbência de tolos, a menos que Deus toque nos corações dos homens.

Não obstante, Ele tem prometido fazer justamente isso, se pregarmos fielmente o Evangelho. Está escrito:

 “Veio sobre mim a mão do SENHOR, e ele me fez sair no Espírito do SENHOR, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos.

E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos.

E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor DEUS, tu o sabes.

Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR.

Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis.

E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o SENHOR.

Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso.

E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito.

E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor DEUS: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.

E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.” Ezequiel 37:1-10

O texto acima representa a conversão dos homens. Quando vamos pregar, como lemos no texto, sempre seremos um Ezequiel e sempre estaremos parados em um vale de ossos secos. E, observem, eles estão muito secos.

Certamente, nos tempos de Ezequiel não havia nenhuma técnica pata trazer vidas a ossos secos. A medula estava completamente seca, fora dos esqueletos. Não era mais que poeira! Não havia técnica, não havia persuasão, não havia poder, não havia nada que humanamente se pudesse fazer para trazer esses ossos à vida.

Isso é evangelismo e seria bom que aprendesse agora. Isso é evangelismo.

Os homens estão mortos em seus pecados. Não estão somente mortos, mas são escravos do pecado. A vida, que têm, é só para seguir o “príncipe deste mundo”.

Eles aborrecem a Deus; são inimigos de Deus, estão cegos. Fazem tudo em seu poder para restringir e limitar cada traço de conhecimento que têm sobre Deus. Trabalham com todas as suas forças para fechar a sua consciência para que ela não fale.

Preferem sofrer no Lago de Fogo que dobrar seus joelhos, arrependerem-se e crerem em Deus.

Agora, vá e trate em aprender alguma técnica evangelística para trazê-los a vida. Fazem intermináveis chamadas ao altar para repetir uma oração. Contam todo tipo de histórias sentimentais. Manipulam suas paixões, suas emoções e a única coisa que vão obter é um grupo de filhos duplamente do inferno.

Para que os homens sejam salvos, há somente uma forma: que um homem, como Ezequiel, pare no meio deste vale e pregue a única mensagem que Deus prometeu abençoar, que é o Evangelho de Jesus Cristo!

Quando estamos buscando missionários, ou quando estamos entrevistando candidatos, só queremos uma coisa: um homem que sabe que seu ministério é uma impossibilidade, que os homens não podem ser convertidos, como tampouco os mortos podem ser ressuscitados, e mundos não podem ser criados do nada. Um homem que entenda que tem somente algumas armas de guerra, mas que são poderosas:

1)      A pregação do Evangelho;

2)      A Oração Intercessória;

3)      O amor sacrificial de doar-se a si mesmo.

Dê-me homens e mulheres, como estes; e verão como o Evangelho avançará no mundo.

Quanto mais você depender de métodos carnais, quanto mais Igrejas tentarem encher, não por serem bíblicos, mas por encontrarem a última moda com que podem atrair um maior número de pessoas. Quanto mais fizermos isso, nunca veremos o poder de Deus.

E a Igreja em seu desejo de ser relevante, torna-se ridícula frente a seus inimigos, pois se vocês atraem pessoas usando métodos carnais, terão que manter essas pessoas usando métodos carnais.

Devemos, portanto, aprender a viver, pregar na dependência do Espírito Santo de Deus.

Por Paul Washer

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